O QUE ESPERAR DO FUTURO
Antônio Carlos Scavone
Em todo começo de ano, está sempre presente a preocupação do ser humano, de poder antever alguma pista de como será o futuro. A necessidade de procurar uma resposta para sua angústia do amanhã, retira-lhe, não raro, a clareza de perceber o futuro como consequência de todas as questões colocadas pelo passado. O futuro é uma colheita. A abundância ou escassez dela dependerá muito daquilo que foi semeado. Por isso, se quisermos uma transformação maior em nossa vida, teremos que trabalhar sobre causas e não em cima de efeitos. E isso é válido também para um país, um continente e o planeta Terra, como um todo.
Existem alguns conceitos que são fundamentais para assim pensarmos. Eles terão de ser tomados como premissa. Caso contrário, tudo o que falarmos não parecerá ter sentido. Quem discordar deles, terá dificuldade em aceitar o que se segue. Podemos sintetizá-los em três pontos básicos:
a) Há somente uma fundamental energia ou força no Universo;
b) O espírito é a vida, a alma é o construtor, o físico é o resultado;
c) Não existe influência maior que o livre-arbítrio da alma.
Então, podemos entender que a mudança do mundo está na dependência direta da transformação dos seres humanos. Começa em nós mesmos. Projetando no mundo nosso ódio, teremos um mundo odioso. Refletindo paz e amor, estaremos construindo um mundo melhor. Nossa responsabilidade, pois é muito grande. Sem sensibilidade e compaixão, sem o verdadeiro sentimento de que “estamos no mesmo barco”, não poderá haver progresso espiritual. Na verdade, os ideais podem modelar nosso futuro. E modelam, a nível individual ou social. Nenhum “futurista” deixa de identificar direta ou indiretamente certos ideais como verdadeiros guias para a construção de novos modos de viver. Qualquer predição de futuro que não envolva uma mudança de ideais para a humanidade, não é realmente uma visão criativa, porém, apenas uma extensão ou extrapolação do presente. Em essência, os ideais provêm um meio através do qual nós podemos quebrar a inércia de velhos padrões de pensamentos, sentimento e ação. Os ideais são um instrumento pelo qual podemos romper com o momento em que estamos mergulhados e tomar um novo rumo. O princípio espiritual dos ideais é o ingrediente que mais ajuda na química destes tempos de mudança, além do livre arbítrio. E claro que não são todos os ideais. Em outras palavras, os ideais são o berço da estrutura da experiência humana. Todos os esforços para manter um determinado “status quo” visa, sobretudo, manter velhos ideais. Entretanto, as leis universais que governam nossas vidas e nossa evolução espiritual apresentam-nos, continuamente, a oportunidade de formular novos ideais e de nos movermos para um tipo diferente de futuro – tanto para nós como indivíduos, como para a Terra como um todo.
É fundamental, inicialmente, definir, com precisão, o que entendemos como ideal. Seguidamente há uma confusão entre ideal e objetivo e ambos são usados no mesmo sentido. Um objetivo é um produto concreto do que desejamos. Um ideal tem mais a ver com os níveis invisíveis do nosso ser, como vivemos nossas vidas e trabalhamos pelos nossos objetivos. O ideal é o porquê e o como dos nossos pensamentos e ações, enquanto um objetivo indica o quê (nos mobiliza e nos faz agir).
O importante, na Nova Era, é que nossos ideais não sejam vistos como impraticáveis e excessivamente visionários. Que não sejam “idealísticos” no sentido pejorativo do termo. Se forem muito altos perderão sua capacidade efetiva de se concretizarem e de se transformarem num instrumento para a nossa autotransformação e para a do mundo. Outro ponto importante é a motivação. Ela vai nos dizer por quê fazemos o que estamos fazendo. Ao decidimos trabalhar com nossos ideais, estamos dizendo que queremos trazer para o mundo e para a luz, a nossa motivação interior. Mas, mais importante ainda é o espírito no qual vivemos estes ideais. Muitas guerras e conflitos, na História humana, tiveram sua origem em ideais bem intencionados, mas vividos de uma forma violenta ou impositiva. Porque as pessoas viam neles a verdade única e com fanatismo a defendiam. Por isso tudo, podemos perceber que a expansão da consciência na Nova Era é um assunto que diz respeito a todos nós. Como pioneiros do pensamento da Nova Era, nós necessitamos aceitar o desafio e a responsabilidade de trabalhar com ideais conscientes.
A CRISE E O FUTURO
Muito podemos aprender com os momentos de crise, como uma colheita que nós, individualmente, e a sociedade como um todo possuem responsabilidade.Eles afetam a nossa qualidade de vida e podem nos dar lições positivas sobre o que estamos fazendo. Seja qual for o problema, não devemos empurrá-lo para o futuro. Para não matar a esperança, o seu grande fertilizador. E com ela, desaparecerão o otimismo e a expectativa e procuraremos evitar a chegada desse futuro. Em outras palavras, o plano físico da existência é uma criação do infinito e é sustentado por ele. A força da vida e a energia da comida são projeções na matéria das forças criativas dessa Entidade Maior. Assim também o ouro, o petróleo ou qualquer riqueza mineral. Mesmo o próprio dinheiro é uma expressão dessa dimensão mais alta. Na realidade, nós somos os armazenadores e distribuidores das Energias Infinitas, na forma como elas se manifestam na materialidade. Mas, são nossos modelos de pensamento, sentimento e ação que determinarão a melhor forma de usarmos os recursos físicos: dinheiro, comida, energia, vestuário, abrigo e tempo livre.
Assim precisamos refletir sobre nossa responsabilidade pessoal no contexto da sociedade. Na maneira como estamos usando nossa energia e os nossos recursos, dentro da vida cotidiana. Sem essa consciência, não construiremos uma nação mais justa e um mundo melhor para o futuro.
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