OS GÊMEOS NA MITOLOGIA
Antonio Carlos Scavone
Os gêmeos mais famosos da nossa herança mitológica são Castor e Pólux, os filhos de Zeus nascidos de um ovo que Leda botou depois de sua união com Júpiter, disfarçado de cisne.
Este fato mostra que o Gêmeos é meio pássaro. Desde as rápidas e ágeis andorinhas, até os falantes papagaios. Este signo tem muito em comum com nossos amigos alados.
Castor e Pólux são um par bastante peculiar de Gêmeos na Mitologia. Ambos são bravos e espertos guerreiros, porém um deles é humano, e o outro, divino. Quando o Gêmeo mortal é ferido e morto numa batalha, o outro implora a Zeus que o deixe viver. Zeus faz, então, um acordo com eles (os geminianos são mestres na arte de fazer acordos). Enquanto um deles passa férias no Olimpo, com os deuses, o outro fica na Terra na condição de mortal. E cada vez que eles trocam de lugar, eles se encontram para conversar sobre as experiências que cada um viveu.
Este mito, que mais parece uma brincadeira, nos ajuda a compreender mais profundamente o signo de Gêmeos. O Gêmeos tem um sentido do eterno, das correntes secretas que fazem o pano de fundo da vida. Sabe que há muito mais do que nos é dado conhecer. O problema é que estas percepções nem sempre são consistentes, portanto nem sempre bem-vindas. Como nos conta o mito, um dos gômeos está no céu e o outro na terra – nunca estão juntos no mesmo lugar. Daí que, muitas vezes, as intuições do Gêmeos se chocam violentamente com sua mente estruturada analiticamente e ele, então, as renega. Muitas vezes, ele é um estranho para si mesmo, não sabe se é um místico ou um cientista, um artista ou um intelectual. Às vezes, ele tenta bloquear a expressão de um dos dois lados o que só lhe traz angústia no processo. As alternâncias do Gêmeos: seus períodos de luz e treva, de extroversão e introversão, de intuição ou análise, são tão estranhas para ele, como para aqueles que convivem com ele. Qual dos dois é o verdadeiro? Ambos, é claro! E ele precisa apreender a traduzir o que acontece numa dimensão, para a linguagem da outra. Porque ambas são a sua realidade. Ele é a bela borboleta, a eterna criança, o “Peter Pan” e – de repente- cai dos céus e vira ser humano, um mortal comum que nem sempre consegue manter-se em equilíbrio – daí a sua tendência a fugir e evitar as responsabilidades. Como o Peter Pan das histórias infantis, o Gêmeos gostaria de ser eternamente criança e viver num mundo de aventuras e fantasias.
Claro, que tudo isto junto, toma seu comportamento bastante inconsistente. Às vezes, é bom para o Gêmeos, diferenciar sua fase Pólux, da sua fase Castor e deixar que as duas conversem (geralmente os geminianos falam sozinhos – claro, porque existem dois dentro deles).
Há outra figura mitológica muito importante a ser considerada para se compreender o Gêmeos – é Mercúrio, o planeta regente do signo. Mercúrio é o menor e mais rápido planeta do nosso sistema solar – o que já é um bom símbolo para a mobilidade e velocidade das percepções geminianas. No Mito, Mercúrio é o mensageiro dos deuses, que leva mensagens e informações de um deus a outro e dos deuses do Olimpo para os homens na terra. É também chamado deus dos ladrões, do comércio e protetor dos caminhos. Portanto, é um deus amoral, fluido e flexível e sempre construindo “pontes”, entre deuses e homens, entre deuses e deuses e homens e homens, em forma de ideias, dinheiro e canais de comunicação tangíveis ou não.
E Mercúrio é também conhecido como o elemento Mercurius no simbolismo medieval da Alquimia. Esta é outra chave importante na compreensão do gêmeos. Mercurius, para os alquimistas, é um símbolo do processo de aprender, conectar, integrar. Quando compreendemos alguma coisa, quando a luz se acende e duas coisas que são opostas, de repente, se complementam, os alquimistas diriam que isto é Mercurius em ação, porque este elemento estabelece conexões entre opostos e permite a completa transformação das substâncias. É chamado “grande transformador” e seu símbolo é andrógino, masculino e feminino ao mesmo tempo, aquele que aproxima e faz a ponte entre os opostos. Pode parecer muito esotérico, mas é a chave do caminho do Gêmeos na vida. São os interpretes, tradutores e mensageiros. Mas para cumprir o seu papel, o Gêmeos precisa, primeiro, estabelecer pontes entre os seus opostos internos. Coisas opostas não são incompatíveis, na verdade. São parte de uma visão holística da vida, que é, em última instância, o que todo gêmeos está buscando.
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