PEIXES OU A COMUNHÃO COM O COSMOS
Antonio Carlos Scavone
A grande questão do signo de Peixes é o sentimento de fusão com o infinito. Como Peixes é um signo duplo, há dois movimentos principais: o fluxo e o refluxo onde se alternam as ondas que vem de muito longe, já que reúnem o Oceano e o Céu, e é muito difícil de separar a vaga que se retira daquela que vem. Elas se misturam no mesmo ser, muitas vezes.
O fluxo simboliza a integração e ela se dá pela dissolução material e espiritual e pela fecundação. E o estabelecimento do ser, por meio de Netuno, regente do signo.
O refluxo simboliza a renúncia que se dá pelos sofrimentos materiais ou espirituais e pela concentração que lhe protege perante a vida. É o resguardar-se do ser em si mesmo, na décima segunda área do mapa, regida por Peixes.
Há,portanto, uma busca de fusão com o infinito cósmico, muito clara nos astrônomos; e uma busca de fusão com o infinito humano, evidente nos criadores (artistas e cientistas), nos místicos (de todos os tipos) e nos poucos políticos dedicados fervorosamente às causas sociais.
Essa busca produz personalidades que são verdadeiros peregrinos. Uns são viajantes do céu ou aventureiros dos mares (cosmonautas, astronautas ou marinheiros); outros são os viajantes da alma (místicos ou profetas). Alguns querem prender o infinito nos seus braços pela ciência (astrônomos, fisicos, astrofísicos) enquanto que outros cantam o infinito através de beleza poética ou da abstração filosófica. Vejamos duas personalidades piscianas que deixaram profundas marcas na humanidade.
EINSTEIN, O CIENTISTA.
A obra de Einstein é um verdadeiro festival pisciano do Infinito e da Eternidade.
Einstein dizia que “Um adulto normal não pára jamais de pensar nos problemas do espaço e do tempo”. De fato, essa era a base tipicamente pisciana das suas pesquisas. Este diálogo com o tempo e o espaço é comum aos nativos de Peixes, mas, ele o levou muito longe.
Admirador da harmonia da natureza, demonstrava, em todos os seus atos, a força de Netuno, o planeta regente de seu signo, que preside a fusão de todas as partes,num grande todo cósmico. Apaixonado pela consciência que possuía da harmonia do mundo, esquecia do seu “EU”. Como um típico sábio pisciano, dedicou toda a sua vida a um ideal “extrapessoal”. A concentração não deixava nenhum lugar às preocupações momentâneas e puramente pessoais. Esse desprendimento do Eu em benefício de uma criação abstrata útil aos outros, é uma reação própria deste signo. Na realidade, o ser pisciano doa a sua vida e a sua obra ao outro e elas fazem parte de um Todo Cósmico, o Uno.
Einstein através do seu interesse pelas leis do Universo, fez nascer pouco a pouco o senso pisciano de identificação com a vida em todas as suas manifestações e também com as pessoas, o mundo inteiro e o céu. Sua identificação com a humanidade foi, ao mesmo tempo, o alvo e o motor mesmo de suas pesquisas.
Einstein era duplo, como todo o pisciano. Seu biógrafo Boris Kouznetsov escreveu que havia duas faces do mesmo personagem: uma absorvida nas suas reflexões, colocando-se a questão do finito ou do infinito do Universo; outra, recopiando de sua própria mão o texto de seu artigo original sobre a Relatividade para fazer publicidade com fins filantrópicos.
A necessidade interior dos Peixes, leva ao mesmo tempo, à humanidade e à compaixão. Einstein é a prova tanto de uma coisa como de outra. Humano, sua simplicidade, gentileza e espírito social lhe valeram inimizades: os esnobes da Universidade não lhe perdoavam a maneira amável e democrática com que tratava a todos. O sentimento de piedade é uma das fontes de gentileza humana. A piedade pela sorte de nosso próximo é uma das manifestações do signo de Peixes e é esta que chama à simpatia. Muitas pessoas que o conheceram perguntavam, seguidamente, o que era maior nele, se o seu cérebro capaz de descrever a estrutura do Universo ou se o seu coração sempre pronto a reagir diante da dor humana. Era impossível dissociar o homem do sábio.
Netuno, regente de Peixes, rege a música. Para Einstein a música era uma encarnação sonora da harmonia do mundo, assim como a ciência a exprimia nas leis e na realidade física. Ele era capaz de tocar uma sonata de Mozart de uma maneira simples, precisa e comovente. Sua obra cativou as imaginações e por volta de 1920 ele se tornou o mais renomado homem da ciência vivo, uma figura lendária. Recebia milhares de cartas do mundo inteiro. Fez conferências em vários países como Inglaterra, Suiça, América, Japão, o que não causaria nenhum espanto hoje, época do supersônico e da Internet, mas que era um feito, naquela época. Por onde chegasse era aclamado por multidões entusiastas. O sucesso e o reconhecimento estavam gravados no seu destino.
Einstein realizou uma das obras mais geniais da história humana, mas como todos os nativos de seu signo, o absoluto ficou sendo seu objetivo último.
RAMAKRISHNA, O MÍSTICO
O místico pisciano Ramakrishna escapa a todo esforço de síntese, devido a seus inúmeros aspectos contraditórios, ou que assim parecem, em função de sua rica complexidade, que ele sabia, como ninguém, unir. Tinha todos os dons. Sob um comportamento exterior que não variava jamais e era de uma extrema simplicidade, mas era móvel como o mar, brilhante como o fogo, puro como uma criança, mas com a experiência de um homem sem idade, já instalado na eternidade.
O sentido pisciano de infinito e de unidade está claro em sua caminhada religiosa. Praticou todas as religiões: Hinduismo, Cristianismo, Islamismo e as diferentes seitas hindus. Descobriu, então, que todas se dirigiam ao mesmo Deus, à mesma Energia mas com diferentes nomes.
Vejamos algumas características piscianas sempre presentes na sua vida e nas suas palavras.
ÁGUA – O ELEMENTO CHAVE DOS PEIXES
Ramakrishna usou muito o mar como fonte de imagens concretas, para melhor ser compreendido. Eis um exemplo: “Não discutais sobre doutrinas e religiões. Só há uma. Todos os rios vão dar no Oceano. Ide e deixai ir os outros.”
A UNIDADE PRIMORDIAL
Ramakrishna dizia: “Deus está em tudo, Deus está em nós. A vida inteira e o Universo é o seu sonho”. Com uma grande sensibilidade à essência dos seres, aliada a uma faculdade de perceber facilmente os dois lados de cada coisa, ele era um mediador inato.
ÊXTASE – FUSÃO COM O INFINITO
De todos os processos do espírito, o êxtase, sendo uma fusão imediata, direta, com o infinito, é o mais tipicamente pisciano. Todo o Peixes é, em certa medida, mais ou menos familiarizado, com o abandono de si mesmo na maré do destino. Em Ramakrishna é evidente que é realizando o samadhi (o êxtase) que ele opera melhor esta fusão com o Cosmos. Em êxtase ele passou metade de sua vida. Aos seis anos de idade teve o primeiro. Daí se multiplicaram, eram quase diários e alguns duravam horas, outros semanas, e um durou seis meses. No êxtase o que existe é a consciência e não há diferença entre a existência e ela. A existência é consciência, consciência pura, absoluta.
O SACRIFÍCIO: DOM PISCIANO
A ausência dos limites, neste signo, entre os seres, as coisas, os mundos e as vidas, leva o pisciano à identificação com os outros, ao altruísmo e ao sacrifício. Ramakrishna era todo amor. Sua doutrina, a Bakti Yoga prega o amor sem limites, que leva ao sacrifício pessoal absoluto. Para ele, esta era “a única rota para chegar a Deus”. O amor era o caminho do êxtase o que equivalia ao amor do próximo, semelhante ao amor de Deus. Ele possuía esse dom raríssimo de se identificar completamente com o outro, no plano material, mental e espiritual. O que ferisse o outro lhe feria profundamente, sua solidariedade englobava todos os seres vivos, animais e plantas, para tanto, a renúncia a tu- do teve um papel importantíssimo.
Como se vê, cabe a esse signo, no seu sentido mais alto, o trabalho de iluminar as trevas onde estamos, porque a noite dos Peixes é a claridade do invisível, é o dia oculto na noite, é a luz dos tempos que hão de vir.
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