DEZEMBRO: SAGITÁRIO E SUA ETERNA BUSCA DE PERFEIÇÃO
Antônio Carlos Scavone
Sagitário é o nono signo do zodíaco. Sua luta é representada pela busca de superação da matéria a fim de alcançar a meta da elevação do espírito. Essa se torna, então, sua única e grande meta e a partir dela persegue incansavelmente a verdade. Muita concentração, autocontrole e força de expansão serão necessários.
A Mitologia
O misterioso centauro, figura mitológica, metade cavalo, metade homem, constitui-se no grande mito do Sagitário. Simboliza uma divisão enorme entre o lado inferior e o superior que lhe dilacera interiormente. Nem sempre consegue sua superação, mas não deixa de atirar suas flechas, além do horizonte e perseguir os alvos, em rápido galope. O cenário do caminho fascina-o mais que o alvo a ser atingido. Daí muitas vezes se perde até surgir uma meta mais nova e atrativa. O que lhe interessa é o desafio do alvo e a fascinação da jornada. O objetivo, em si, não é tão significativo. O prazer da busca e sua aventura é o que importa. Mas existe muita tensão em seu arco. Dentre os centauros, Quíron tem um lugar de destaque, por sua grande sabedoria e por ter um status divino. Senhor das plantas e da Alquimia conhecia a magia e a sabedoria da natureza. Sábio, professor e filósofo, fazia seus alunos pensarem, conhecia como ninguém a origem animal dos homens e sentia-se profundamente triste por suas próprias contradições. Apesar de curador, nunca conseguiu cicatrizar uma ferida em sua própria perna e eliminar sua dor. Esse fato lhe deu uma grande compaixão pela dor e sofrimento dos humanos. Júpiter, o grande Zeus da mitologia, é o planeta regente de Sagitário. Através dele, podemos entender melhor este signo. Sendo o deus supremo do Olimpo, é um ator nato e também um grande conquistador, sempre perseguindo ninfas e musas, embora não seja guiado por uma paixão insaciável, é o ideal que o motiva, a possibilidade de algo novo e desconhecido, um alvo inatingível e que lhe escapa das mãos. Os sagitarianos têm esta propensão jupiteriana de não perder nada, seja isto um projeto, uma pessoa, uma idéia, um novo trabalho criativo, qualquer meta virtualmente nova e inexplorada. Os mais extrovertidos estão sempre presentes em vernissages, inaugurações, mostras inéditas de filmes, lançamentos de livros, porque tem um faro intuitivo de tudo aquilo que poderá se tomar um sucesso antes que os outros percebam. Os tipos mais introvertidos, não estão nos lugares públicos, mas estarão sempre descobrindo os novos livros, as novas filosofias, os novos filmes e fenômenos culturais. É o mesmo faro agindo de forma mais interiorizada. A palavra jovem vem de Júpiter. O sagitariano é jovial. No Olimpo, a morada dos deuses, Júpiter era o juiz. O sagitariano se inclina à justiça. Na forma positiva, compreende sua variedade e aceita as pessoas como são.
Vivências Sagitarianas
Podem se expressar de várias maneiras. Uma das mais fortes é o amor à aventura, tão forte na criança interior que habita cada um de nós. A crença que o novo horizonte será melhor. A atração pelo desconhecido e o risco andam de mãos dadas e Júpiter gosta de conferir sua sorte, perante o perigo. Outra vivência tipicamente sagitariana é o lidar com a verdade, a necessidade de colocá-la para fora doa a quem doer. A certeza de que sozinha ela pode brilhar. Embora desde cedo aprendemos a tratá-la de forma polida e diplomática e acabamos falseando-a. A mentira tem uma grande força no jogo de interesses do mundo. A luta contra ela é uma das maiores tarefas humanas. Outra das vivências sagitarianas: assumir o Dom Quixote que existe em cada um de nós. O entusiasmo ingênuo e juvenil por uma causa leva o homem a lutar por idéias e visões utópicas, ou por causas perdidas ou aspirações impossíveis, que num futuro, hoje cada vez mais próximo, serão realidade. Todas essas vivências têm em comum o fato de despertar o jovem que existe em cada um de nós. Por isso nos revitalizam. Aumentam nossa vontade de viver, nosso entusiasmo e otimismo. Dão-nos mais audácia e nos impulsionam para o progresso e para novos horizontes.
Desafios de Sagitário
O sagitariano tem, também, os seus desafios. Talvez o maior, será o de saber andar na terra, com mais atenção, sem olhar tanto para as estrelas. É forte sua tendência de querer alcançar o infinito sem ter vivido o finito. Assim, afasta-se do aqui e agora e pode gerar grandes dificuldades para conviver com a realidade que vive. Outro desafio é a tendência de, na busca da verdade, abraçar alguma verdade como a única. Isso leva ao fanatismo e dogmatismo. Bem sabemos na História Humana, o quanto tem sido catastrófico o saldo dos dogmas. Na Ciência, na Religião ou na Filosofia, presenciamos muitas mortes, perseguições, guerras, genocídios. Onde a brutalidade humana foi legalizada e recebeu a indulgência proporcional ao tamanho da barbárie cometida. A tolerância ideológica e o simples ato de ouvir as ideias dos outros, é fundamental para que amplie a sua visão de mundo. Outro desafio do sagitariano é o seu otimismo exagerado que, às vezes, o leva a rompantes de prepotência e precipitação. Aceitar a humildade e a paciência é muito difícil. Tende em apostar na sua vitória, mesmo se tudo indicar uma derrota. A certeza de que “vai dar certo” tem o seu lado positivo, porém cega o sagitariano quanto à realidade dos fatos. O que pode levá-lo a profundas frustrações. Sua envolvente paixão dificulta um enxergar objetivo. O Sagitário com sua visão e intuição entra em contato com os grandes mistérios da natureza, possui um senso profundo que a vida é significativa, que o homem é divino, que todas as coisas têm um propósito e trazem lições para o crescimento. Mas a distância entre a sua visão da luz e as limitações do ser humano é muito ampla. A realidade tangível e a vida material são sempre imperfeitas, se comparadas com a sua visão.
Esta é a verdadeira ferida aberta de Sagitário. E o sagitariano que tiver a coragem para encarar sua visão de luz e a realidade de sua vida, certamente terá grande sucesso. Este será o verdadeiro curador-ferido, porque aprendeu a compaixão (qualidade que falta aos tipos mais primitivos). Será também possuidor de um dos mais profundos segredos da vida e da natureza humana: a dualidade do ser divino e do animal (que subjaz em todos nós) finalmente encontrando sua integração e unidade.
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