Antonio Carlos Scavone – Astromundo

AGÔSTO: MISTÉRIOS E ENCANTOS DE VIRGEM

                                                                              Antonio Carlos Scavone

A primeira vis­ta, o signo de Virgem parece um signo sim­ples, de expressão mais di­reta e objetiva, capaz de caber num quadrinho qual­quer da vida. Uma imagem definitiva e pronto. Por exemplo: uma cara de inte­lectual, de óculos, pergun­tando tudo sobre todas as coisas. É verdade, esta po­deria até ser a imagem de alguns virginianos, mas não será a de todos. E mui­to simples para abranger a complexidade desse signo e o seu profundo mistério…Misterioso é um adjetivo que lhes cabe. Por mais esforço que façamos, não conseguimos penetrar neste “véu” que lhes encobre. E eles são quietos, não falam, passam uma frieza exterior que di­ficulta ainda mais a des­coberta. O que salta aos olhos é sua tensão, que se instaura ne­les para ficar, geralmente na forma de uma preocupa­ção (a “ruga” na testa). Parecem estar sempre ligados com algum problema. E estão tão ocu­pados com os seus deveres que esquecem o seu direito ao lazer e ao sonho. Rela­xar é um verbo que preci­sam aprender em todos os tempos e modos.

Mas será possível o rela­xamento com a super mente analítica que possuem? A necessidade que sentem de medir, pesar, detalhar as coisas ao infinito, vem de sua angústia por contro­lar o universo ao seu redor. “Morte ao caos! Faça-se a ordem!” é a sentença que os dirige. Só que nesta fun­ção obstinada, a exigência de perfeição pode lhes le­var ao estresse nervoso. Por­que a sede de absoluto des­te signo é tamanha, que nunca é saciada por miga­lhas. Exigentes demais consigo mesmos, termi­nam por não realizarem seus projetos, pois imaginam-se sempre inca­pazes desta realização ple­na e ideal. A autocrítica os persegue e, às vezes, pode mesmo esterilizar o seu po­tencial criativo. Projetada nos outros, tornam-se crí­ticos mordazes que esque­cem as dimensões reais dos limites humanos. E a críti­ca transformada em pode­roso escudo é um dos exer­cícios mais sólidos de sua mente viva. Inteligência e clareza de pensamento não lhes faltam. E seja na críti­ca de Arte ou de Ciências, a agudeza do seu olho clínico não perdoa o menor desli­ze. Não são poucos os artis­tas deste signo que passa­ram para o lado da crítica por não alcançarem o seu ideal de perfeccionismo. Ou os cientistas que se per­deram nas engrenagens das suas ciências, sem chegar à ambicionada síntese.Por tudo isso, a técnica é uma exigência subjacente em todas as suas ações.

Outro engano comum na avaliação corrente deste signo é a sua atribuída fra­queza. Eles podem carre­gar uma carga maior do que pensamos. São traba­lhadores persistentes e obstinados. Capazes de enfren­tar um desafio maior do que o seu poder de realiza­ção e aí acabam se esgo­tando. Podem por em fun­cionamento mecanismos emperrados e descobrir de­feitos nas engrenagens que ninguém descobriria. Ou cair num servilismo cego incapaz de divisar com cla­reza a quem e ao quê está servindo.

E bem conhecida a gran­de preocupação de Virgem com a saúde. Em alguns casos ela se agudiza como hipocondria, ou seja, o pen­sar que se possui todas as doenças que existem por aí, ou na bula dos remedios. Em outros casos ela se ex­pressa como uma desmesu­rada atenção à higiene e à limpeza em geral. Daí, não se espante com a quantida­de de remédios que o virginiano costuma acumular em casa, ou levar na sua valise. Há virginianos que parecem verdadeiras far­mácias ambulantes (para sorte dos seus amigos, por­que sempre têm uma aspirina à mão quando se pre­cisa). Mas o cuidado com o corpo e com a dieta (mui­tos são vegetarianos) ter­mina por impedir doenças mais sérias. Assim como a limpeza dos ambientes que frequenta ou vive. Esse é o porquê da boa saúde que desfrutam. Muitas tam­bém são as pessoas do sig­no de virgem que se dedi­cam às áreas biomédicas ou sanitárias. Sua capaci­dade no combate à doença é inata.

No amor demonstram tam­bém sua capacidade de exigir. Não se deixam ce­gar pela paixão. Nunca dão o primeiro passo. Ficam na retaguarda, como o cientis­ta que procura estudar o ser (ou o objeto?) amado. Com lentes límpidas, para dissipar o bafo das ilusões, avançam cuidadosamente. E a mente se encarrega de racionalizar, classificar, escolher ou afastar aquele possível amor. As descul­pas são tão ordenadas que parecem se constituir num verdadeiro processo ou es­crito científico. A criteriosidade é surpreendente e gera argumentos de espan­tar. Se você for a vítima desse dossiê, se prepare. Sua paixão receberá um balde de água gelada. Po­rém, é preciso saber apre­ciar o outro lado dessa frie­za. Há um devotado desejo de acertar ou, se assim qui­sermos, um medo-pânico de errar. Devoção desven­da muitas de suas atitudes. Uma dedicação absoluta à pessoa amada. Daí que a qualidade é importante. Não é de muitos amores, porque na medida que so­fre alguma decepção, redo­bra a vigilância e o critério de escolha. Ou então assu­me seu lado solitário e cas­to. Afinal, são capazes de viver sozinhos e possuem um lado que detesta depen­der dos outros ou dever fa­vores. E isso facilita uma caminhada independente.

Um último aspecto muito importante deste signo é que Virgo é o chamado sig­no raiz de terra, o que nos diz de seu lado realista e prático, como poucos outros signos serão capazes de ser. Por isso, é com eles que podemos aprender realmente a lidar com as coisas de terra e a cami­nhar com maior facilidade aqui no chão, evitando os abismos, enfrentando com calma e realismo os peri­gos, mas sem perder de vista as estrelas que, com sua presença silenciosa e distante, servem de guia a todos nós viajantes, com destino ao infinito.